Boa tarde, Arcadianos,
Hoje com vocês um texto da nossa psicóloga Ilana Fillipi sobre um tema tão indigesto e, infelizmente, tão atual: A violência doméstica contra crianças e adolescentes.
Boa leitura!
Nas últimas três
décadas, a violência doméstica contra crianças e adolescentes vêm sendo motivo
de maior discussão, reflexão, questionamento, polêmica e estudos científicos,
por estar em uma esfera micropolítica que é a da família, mas que vem de
questões macropolíticas de relações sociais de gênero e gerações decorrentes
de interações de fatores socioeconômicos, culturais e psicológicos, podendo
também outras facetas estarem relacionadas (TARDIVO E JUNIOR, 2010). Trata-se de um fenômeno ainda
rodeado de mitos e tabus e que vem sendo permeado ao longo da história da
humanidade, tornando-se uma problemática de difícil abordagem e que traz sérias
consequências e impactos no desenvolvimento infantil.
A violência doméstica
envolve relações assimétricas de poder, sendo uma violência subjetiva e
interpessoal, na qual o adulto transgride o seu poder de disciplinador,
negligenciando as necessidades e direitos das crianças, colocando-as como meros
objetos de desejo do adulto. Tardivo e Junior (2010), ao discutirem sobre essas
relações de poder, definem que apesar da ideia da “família sagrada e perfeita”
que se tem no imaginário popular, não está eximida de cometerem atos violentos
contra seus integrantes e que devido a um “complô de silêncio”, dissimulam a
realidade fatal e egoísta.
Estudos empíricos
revelam que nessa perspectiva as crianças e adolescentes possuem um verdadeiro
risco de alterações no processo do desenvolvimento, com grandes variedades de
distúrbios na área afetiva, cognitiva e social.
O Ministério da Saúde (1993) ao se posicionar frente a tal temática
classifica que a violência doméstica pode ocorrer em quatro formas sendo elas:
a violência física, violência sexual, violência psicológica, e a
negligência. A primeira corresponde ao
uso da força física pelos pais ou por aqueles que exercem autoridade no âmbito
familiar. Já a segunda forma de violência que ocorre com frequência,
caracteriza-se por ato ou jogo entre um ou mais adultos e uma criança ou um
adolescente, tendo a finalidade de estimula-la sexualmente. A penúltima forma
consiste na corrupção, criação de expectativas irreais na criança e no
adolescente, bem como comportamentos de rejeição, isolamento, ignorarem,
aterrorizar, que são destrutivos e negativos nos desenvolvimentos mesmos. Por
fim, a negligência se situa por ser a omissão da família as necessidades
básicas tanto físicas como emocionais.
Essa realidade evidencia a importância do Psicodiagnóstico e de um
serviço de Psicologia nas instituições de saúde e ensino, bem como no âmbito da
clínica, visando à promoção de saúde, realização de encaminhamentos necessários
e intervenções eficazes, a fim de minimizar tal problemática.
É preciso que o psicólogo utilize estratégias de avaliação psicológica para analisar a condição psíquica do sujeito. Segundo Cunha (2000), a testagem pode ser um passo importante para o processo, mas constitui apenas um dos recursos possíveis, podendo assim, o psicólogo se dispor de entrevistas clínicas, observações, dentre outros meios para favorecer a integração das informações.
É essencial investir no estudo sobre a temática em
outras áreas da saúde, bem como na área
de avaliação psicológica para identificação da violência doméstica, e necessário propostas de intervenções ativas, como acompanhamento
em visitas domiciliares, acompanhamento terapêutico tanto para o agredido como
com o agressor tanto individual como familiar para fortalecer vínculos e laços,
e palestas, sensibilização para uma melhor orientação, apoio e prevenção de
reincidências.
Ilana Fillipi Fernandes
CRP: 11/09125
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