15 de setembro de 2015

Violência doméstica contra crianças e adolescentes

Boa tarde, Arcadianos,


Hoje com vocês um texto da nossa psicóloga Ilana Fillipi sobre um tema tão indigesto e, infelizmente, tão atual: A violência doméstica contra crianças e adolescentes.


Boa leitura! 




Nas últimas três décadas, a violência doméstica contra crianças e adolescentes vêm sendo motivo de maior discussão, reflexão, questionamento, polêmica e estudos científicos, por estar em uma esfera micropolítica que é a da família, mas que vem de questões macropolíticas de relações sociais de gênero e gerações decorrentes de interações de fatores socioeconômicos, culturais e psicológicos, podendo também outras facetas estarem relacionadas (TARDIVO E JUNIOR, 2010). Trata-se de um fenômeno ainda rodeado de mitos e tabus e que vem sendo permeado ao longo da história da humanidade, tornando-se uma problemática de difícil abordagem e que traz sérias consequências e impactos no desenvolvimento infantil.

A violência doméstica envolve relações assimétricas de poder, sendo uma violência subjetiva e interpessoal, na qual o adulto transgride o seu poder de disciplinador, negligenciando as necessidades e direitos das crianças, colocando-as como meros objetos de desejo do adulto. Tardivo e Junior (2010), ao discutirem sobre essas relações de poder, definem que apesar da ideia da “família sagrada e perfeita” que se tem no imaginário popular, não está eximida de cometerem atos violentos contra seus integrantes e que devido a um “complô de silêncio”, dissimulam a realidade fatal e egoísta. 
Estudos empíricos revelam que nessa perspectiva as crianças e adolescentes possuem um verdadeiro risco de alterações no processo do desenvolvimento, com grandes variedades de distúrbios na área afetiva, cognitiva e social.
O Ministério da Saúde (1993) ao se posicionar frente a tal temática classifica que a violência doméstica pode ocorrer em quatro formas sendo elas: a violência física, violência sexual, violência psicológica, e a negligência.  A primeira corresponde ao uso da força física pelos pais ou por aqueles que exercem autoridade no âmbito familiar. Já a segunda forma de violência que ocorre com frequência, caracteriza-se por ato ou jogo entre um ou mais adultos e uma criança ou um adolescente, tendo a finalidade de estimula-la sexualmente. A penúltima forma consiste na corrupção, criação de expectativas irreais na criança e no adolescente, bem como comportamentos de rejeição, isolamento, ignorarem, aterrorizar, que são destrutivos e negativos nos desenvolvimentos mesmos. Por fim, a negligência se situa por ser a omissão da família as necessidades básicas tanto físicas como emocionais.
Essa realidade evidencia a importância do Psicodiagnóstico e de um serviço de Psicologia nas instituições de saúde e ensino, bem como no âmbito da clínica, visando à promoção de saúde, realização de encaminhamentos necessários e intervenções eficazes, a fim de minimizar tal problemática.
É preciso que o psicólogo utilize estratégias de avaliação psicológica para analisar a condição psíquica do sujeito. Segundo Cunha (2000), a testagem pode ser um passo importante para o processo, mas constitui apenas um dos recursos possíveis, podendo assim, o psicólogo se dispor de entrevistas clínicas, observações, dentre outros meios para favorecer a integração das informações.
É essencial investir no estudo sobre a temática em outras áreas da saúde, bem como na área de avaliação psicológica para identificação da violência doméstica, e necessário propostas de intervenções ativas, como acompanhamento em visitas domiciliares, acompanhamento terapêutico tanto para o agredido como com o agressor tanto individual como familiar para fortalecer vínculos e laços, e palestas, sensibilização para uma melhor orientação, apoio e prevenção de reincidências.  

Ilana Fillipi Fernandes


CRP: 11/09125
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