6 de outubro de 2015

Atraso na fala: algumas orientações aos pais


Bom dia, pessoal,



Hoje no blog temos um novo texto da Psicóloga Cecília Ewart que fala sobre a aquisição da fala. Ele têm algumas orientações importantes para os pais. Boa leitura!!!





Apesar de a fala se desenvolver mais ou menos da mesma forma para a maioria das crianças, a rapidez com a qual ela se desenvolve pode variar consideravelmente. Comumente uma criança produzirá uma palavra por volta do primeiro ano de vida, combinações de duas palavras no período compreendido entre 18 meses e dois anos e frases de até 3 palavras antes de atingir os 3 anos de idade. Entretanto, em famílias cuja a fala de alguns individuos surgiu com algum atraso é recorrente que isso venha a acontecer em gerações futuras. Vale salientar que uma em cada quatro crianças aprsentam algum atraso de linguagem, sendo portanto mais comum de se encontrar do que parece.



É importante ter em conta que a habilidade verbal de uma criança não se limita aquilo que ela transmite através da fala. A fala é apenas um meio cujo qual demonstramos o que compreendemos para um ouvinte, posto que compreendemos até três vezes mais palavras do que falamos. Sinais de que uma criança compreende algo que foi dito está em sinais que ela pode fazer com as mãos, seguir direções passadas por um adulto, falar palavras soltas relacionadas a um assunto que você falou, chorar ao receber uma negativa verbal, etc.

Dentre as causas para atraso na linguagem estão a hereditariedade, o temperamento, a antecipação do adulto responsável para todas as necessidades que a criança possui ao invés de deixar que a criança peça, transtornos neurológicos, alteração na motricidade oral e facial, autismo, distúrbio específico de linguagem, transtorno fonológico, dentre outros. Portanto, é necessário eliminar as causas mais sérias através de uma avaliação médica  (neurologista e otorrinolaringologista), psicológica e fonológica e de adequar aspectos do meio ambiente da criança que possam vir a estar prejudicando o desenvolvimento dessa habilidade.

A parcela populacional que está mais sujeita a apresentar atraso na linguagem é de:
1. Meninos (atraso médio de 1 a 2 meses em relação à meninas)
2. Bebês prematuros (desenvolvem habilidades mais tardiamente do que bebês que nasceram no tempo certo, mas costumam igualar em desenvolvimento por volta dos dois anos)
3. Gêmeos (ocorrência em até 50% dos casos)
4. Crianças com infecção de ouvido crônicas no primeiro ano de vida (podendo atrasar a fala em função da falta de contato com som)
5. Crianças focadas na aprendizagem de alguma outra habilidade (se uma criança apresenta desenvolvimento normal de outras habilidades, tais como habilidades psicomotoras finas e globais, é possível que ela não esteja dando a atenção adequada à linguagem pelo esforço em aperfeiçoar outra habilidade). 





DICAS GERAIS DE COMO LIDAR COM A CRIANÇA

- Tome notas com uma certa frequência daquilo que você sabe que seu filho compreende. Isso ajudará na terapia e na convivência com outros adultos que lidam com a criança. Lembre-se que estas notas deverão estar em constante atualização, pois a tendência é a criança apresentar um vocabulário cada vez mais abrangente.
- Corrija nos ambientes familiares da criança quando algum adulto procurar antecipar o que a criança quer – deixe que a vontade venha e que a criança perceba que precisará pedir. 
- Acorde o seu filho com uma música. Crianças tendem a prestar mais atenção nas palavras quando elas são cantadas e tendem a aprender as palavras cujas quais escuta mais repetidamente. Coloque o nome dele na música para chamar sua atenção.
- Observe aquilo que ele mais ama, pede todos os dias, seus brinquedos prediletos. Crie uma limitação para que ele possa acessar aquilo apenas através do contato com um adulto.
- Fale com a criança na altura dela – sente-se no chão, abaixe-se, engaje com os olhos naquilo que ela esteja fazendo.
- Reforce. Reforçar é a regra maior para aumentar a frequência de algum comportamento que você quer que ocorra mais comumente. Elogie, dê atenção, abrace, sorria.
- Deixe que ele escolha algumas refeições. A criança não precisa “mandar” nas refeições familiares, mas deixar que ela escolha reforça a necessidade de comunicação e faz com que a criança se sinta bem, já que a maioria das crianças gosta de sentir que está sob controle de uma situação. Sempre reforce e elogie quando a criança se comunicar. Exemplo: “Você quer biscoito ou banana pro lanche?” “Biscoito.” “Biscoito? Ótimo! Hoje é dia de biscoito!” Isso também pode ser feito quanto as roupas que a criança veste. Ofereça duas opções e permita que ela escolha. Explique e elogie a sua escolha.
- Converse com ela sempre que ela engajar em comportamento verbal. Procure interpretar o que ele está dizendo e faça perguntas. “shrhswhswhw Dicupa” “Desculpa? Mamãe desculpa sim, filho!”
- Leia livros para a criança antes de dormir.
- Fale para a criança o que você está fazendo enquanto você está fazendo. “Agora o papai vai colocar o lixo para fora”.
- Descreva para a criança o que ela está fazendo. Converse com ela sobre o brinquedo que ela esteja utilizando. 
- Brinque de esconde-esconde
- Expanda o que seu filho quer dizer: “carrinho” “quer carrinho?” “o artur quer o carrinho?”
- Use gestos com as palavras.

Observação:
Garanta que a maior parte das interações verbais que a criança tem ao longo do dia sejam reforçadoras, agradáveis e motivadoras do comportamento de falar. Procure consertar comportamentos inadequados com desatenção ou com uma palavra dura apenas (“Não pode”). Permita que a criança exprima a frustração ou tente conseguir o que você está impedindo ela de conseguir através de birra, mas após a criança se acalmar explique pra ela porquê o papai ou a mamãe não fez o que ela queria.


Cecília P. C. Ewart
CRP: 11/06509




Ouvinte: aquele cujo qual a criança se comunica: pode ser alguém a quem ela pede algo, como pode também ser um objeto com o qual ela interage, ou mesmo a criança em si – é bastante comum para crianças que em especial estão aprendendo a falar a produzir estímulos auditivos para si mesmas.


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