10 de abril de 2017

O Ser Humano e a Síndrome de Super-Herói


A palavra síndrome é o conjunto de sintomas que caracterizam uma doença ou o conjunto de fenômenos característicos de uma determinada situação.

Os temas das histórias, assim como os problemas e os dilemas que os super-heróis enfrentam, parecem-nos familiares, e aspiramos aos seus atos heroicos e nobres impulsos. Os super-heróis servem-nos de modelo, e são modelados a partir de nós, segundo escreveu a psicóloga clínica norte-americana Robin Rosenberg, coautora de ‘The Psichology of Super Heroes’ (‘A Psicologia dos Super-Heróis’).

Quem exige de si vencer o tempo todo está se candidatando a viver crises de depressão ou, pior ainda, agir sem ética para vencer a qualquer preço. Quem precisa se sentir importante o tempo todo está criando um grande vazio em sua vida. Gostaria de convidar você a refletir um pouco sobre seus heróis. Pense por alguns segundos nas pessoas que você admira.

Quando proponho essa reflexão é para que possamos compreender o sentido de ser “Herói”. Heróis com superpoderes que nada têm a ver com o mundo real. A maior parte deles são mitos criados no imaginário das pessoas. E você e eu já sabemos que alguém assim não existe. Apesar de ter plena consciência de que essa imagem não passa de pura fantasia, a maioria das pessoas embarca nela de cabeça. E se ilude querendo mostrar que são superexecutivos, superempresários, supermães, superprofessores, superamantes.

Queremos ser unanimidade! Desejamos impressionar as pessoas o tempo todo. Insistimos em ser aplaudidos pela população mundial. E, para conseguir esse reconhecimento, tentamos desesperadamente parecer aquilo que não somos em nossa essência: pessoas de aço, indestrutíveis, inabaláveis.Não estamos dizendo com essas afirmações que as pessoas que procuram aprimorar sempre o melhor de si em cada ação estejam erradas, pelo contrário. É altamente positivo buscar a excelência em cada coisa que fazemos. Isso não quer dizer, no entanto, que sempre sairemos vitoriosos de nossas batalhas.

Ninguém consegue ganhar todas as disputas da vida. Nem os craques do futebol realizaram todas as metas de sua carreira, mas nem por isso fracassaram. Quem exige de si vencer o tempo todo está se candidatando a viver crises de depressão ou, pior ainda, agir sem ética para vencer a qualquer preço. Quem precisa se sentir importante o tempo todo está criando um grande vazio em sua vida. É preciso sempre ter expectadores e que eles possam sempre aplaudir. “Esse é o cara”, é a afirmação tirada da boca de muita gente. Cuidado essa é uma ilusão perigosa! 

Todos nós conhecemos alguém, ou se não conhecemos podemos nos deparar com este tipo de pessoa que esperam ansiosamente por aplausos das pessoas. É preciso estar muito consciente para não embarcar nesse jogo de aparências e não se deixar envolver em atividades sem sentido para sua vida. Perdemos um tempo imenso correndo atrás da bagunça que criamos para nos sentir importantes. Desperdiçamos a vida porque ficamos brincando de super-heróis, prontos a entrar em ação.

Poucas pessoas percebem que viver para apagar incêndios é como correr em uma esteira ergométrica na academia: despende-se muito esforço para chegar a lugar algum. Se na esteira o ato de caminhar é um exercício para melhorar a forma física, na vida essa esteira ergométrica conduz apenas ao cansaço físico e mental. As pessoas se matam, ficam frustradas e o que permanece é uma incômoda pergunta: para que tanto sacrifício?

O problema é que acabamos entrando nessa viagem maluca de ser sensacionais em tudo e destruímos nossa paz de espírito. Na verdade, o ponto de equilíbrio é aliar a qualidade de vida ao sucesso. A questão não é medir o tamanho do sucesso, e sim estar atentos ao preço que pagaremos para conquistá-lo e, principalmente, lutar por objetivos que tenham sentido para nós.

Contudo, a loucura é tamanha que a gente não dar conta de pensar no que está fazendo ao entrar nessa corrida da esteira ergométrica. Seguimos adiante como máquinas, querendo mostrar que somos super-heróis.

Vamos ser apenas simples mortais, pois até o super-homem no filme morre, contrariando a sua imortalidade.

Psicólogo: Jose Amaury de Castro Sousa Junior
CRP:11/10231

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