O trabalho faz parte do nosso
cotidiano, chegamos a passar mais tempo trabalhando do que com a nossa própria
família. No entanto, trabalho pode e deve ser fonte de prazer e realização,
afinal, é nele que passaremos boa parte das nossas vidas. O problema surge
quando esse ambiente de trabalho passa a ser fonte de adoecimento psicológico e/ou
até mesmo físico. Esse adoecimento pode chegar através de uma violência que
pode ser percebida ou não pelo indivíduo, uma violência algumas vezes bastante
sutil.
A violência no trabalho pode
ser entendida como sendo qualquer “ação voluntária de um indivíduo ou grupo contra outro indivíduo ou grupo que
venha a causar danos físicos ou
psicológicos” (OLIVEIRA; NUNES, 2008, p. 30). Os autores ressaltam que
esses danos podem ser ocasionados no ambiente de trabalho envolvendo relações
estabelecidas neste ou mesmo nas atividades que o envolvem. Também colocam como
formas de violência a privação e a infração de direitos trabalhistas e
previdenciários; a negligência nas condições de trabalho e também a omissão de
“cuidados, socorro e solidariedade diante de algum infortúnio, caracterizados
pela naturalização da morte e do adoecimento relacionados ao trabalho” (Idem,
p.30).
Quando pensamos no termo
“violência” nos remetemos de imediato à violência física, mas é importante
diferenciarmos e sabermos a gravidade também da violência não física, ou seja,
a violência psicológica, que pode ser tão ou mais cruel. Ela pode agir de modo
silencioso e quase imperceptível, às vezes até mesmo para aqueles que a estão
sofrendo, mas provavelmente deixará alguma marca.
Hirigoyen (2011) é uma
autora que aponta para os fenômenos da nova organização do trabalho a partir de
aspectos como a excessiva cobrança para que os empregados produzam cada vez
mais, com maior rapidez, aproveitando o tempo da melhor maneira possível. Diz
ainda que a rápida evolução da tecnologia vem obrigando os trabalhadores a se
tornarem polivalentes, pois eles devem ser capazes de assimilar mudanças
rapidamente e de se reorganizarem, onde o que interessa é o cumprimento das
metas, e aqueles que não se adaptarem serão retirados.
Atualmente o país está
passando por uma fase que também podemos considerar como um fator importante a
ser considerado: várias empresas estão demitindo muitos empregados ou fechando
suas portas. Ou seja, aqueles que estão trabalhando podem perder seus empregos
a qualquer momento, ao mesmo tempo em que muitos estão à procura. Os empregados
acabam se exigindo mais, na tentativa de não ser o próximo da lista, e sendo
mais cobrados pelos gestores para compensar a diminuição do quadro de
funcionários.
Diante do que foi exposto, o
adoecimento psicológico relacionado ao trabalho pode desencadear uma série de
sintomas, em maior ou menor grau, com a possibilidade de instaurar um
transtorno mental: estresse exacerbado (Síndrome de Burnout); abuso de
substâncias; depressão; ansiedade elevada; e até mesmo chegar ao suicídio. Contudo,
é importante diferenciar o adoecimento psicológico de situações comuns ao
ambiente de trabalho como, por exemplo, atritos que envolvam colegas ou
gestores, mas que facilmente podem ser resolvidos.
A qualidade de vida no
trabalho é possível, desde que a empresa e o empregado caminhem de modo a dar
abertura a discussões de ambos os lados e se viabilize alternativas para as
queixas. No entanto, os empregados devem se mobilizar antes que o adoecimento
apareça. Caso contrário, a ajuda psicológica deve ser procurada o quanto antes.
Por Aline
Lima – CRP 11/09831
Referências
HIRIGOYEN,
M. Mal-estar no trabalho: redefinindo o assédio moral. Rio de Janeiro:
Bertrand Brasil, 2011.
OLIVEIRA,
R. P.; NUNES, O M. Violência relacionada ao trabalho: uma proposta conceitual. Saúde
Soc., São Paulo, v. 17, n. 4, p. 22-34, 2008.
1 Comentários:
Adoro seus artigos Aline!
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