30 de agosto de 2016

Saúde Psicológica no Ambiente de Trabalho




O trabalho faz parte do nosso cotidiano, chegamos a passar mais tempo trabalhando do que com a nossa própria família. No entanto, trabalho pode e deve ser fonte de prazer e realização, afinal, é nele que passaremos boa parte das nossas vidas. O problema surge quando esse ambiente de trabalho passa a ser fonte de adoecimento psicológico e/ou até mesmo físico. Esse adoecimento pode chegar através de uma violência que pode ser percebida ou não pelo indivíduo, uma violência algumas vezes bastante sutil. 



A violência no trabalho pode ser entendida como sendo qualquer “ação voluntária de um indivíduo ou grupo contra outro indivíduo ou grupo que venha a causar danos físicos ou psicológicos” (OLIVEIRA; NUNES, 2008, p. 30). Os autores ressaltam que esses danos podem ser ocasionados no ambiente de trabalho envolvendo relações estabelecidas neste ou mesmo nas atividades que o envolvem. Também colocam como formas de violência a privação e a infração de direitos trabalhistas e previdenciários; a negligência nas condições de trabalho e também a omissão de “cuidados, socorro e solidariedade diante de algum infortúnio, caracterizados pela naturalização da morte e do adoecimento relacionados ao trabalho” (Idem, p.30).


Quando pensamos no termo “violência” nos remetemos de imediato à violência física, mas é importante diferenciarmos e sabermos a gravidade também da violência não física, ou seja, a violência psicológica, que pode ser tão ou mais cruel. Ela pode agir de modo silencioso e quase imperceptível, às vezes até mesmo para aqueles que a estão sofrendo, mas provavelmente deixará alguma marca. 


Hirigoyen (2011) é uma autora que aponta para os fenômenos da nova organização do trabalho a partir de aspectos como a excessiva cobrança para que os empregados produzam cada vez mais, com maior rapidez, aproveitando o tempo da melhor maneira possível. Diz ainda que a rápida evolução da tecnologia vem obrigando os trabalhadores a se tornarem polivalentes, pois eles devem ser capazes de assimilar mudanças rapidamente e de se reorganizarem, onde o que interessa é o cumprimento das metas, e aqueles que não se adaptarem serão retirados.


Atualmente o país está passando por uma fase que também podemos considerar como um fator importante a ser considerado: várias empresas estão demitindo muitos empregados ou fechando suas portas. Ou seja, aqueles que estão trabalhando podem perder seus empregos a qualquer momento, ao mesmo tempo em que muitos estão à procura. Os empregados acabam se exigindo mais, na tentativa de não ser o próximo da lista, e sendo mais cobrados pelos gestores para compensar a diminuição do quadro de funcionários.


Diante do que foi exposto, o adoecimento psicológico relacionado ao trabalho pode desencadear uma série de sintomas, em maior ou menor grau, com a possibilidade de instaurar um transtorno mental: estresse exacerbado (Síndrome de Burnout); abuso de substâncias; depressão; ansiedade elevada; e até mesmo chegar ao suicídio. Contudo, é importante diferenciar o adoecimento psicológico de situações comuns ao ambiente de trabalho como, por exemplo, atritos que envolvam colegas ou gestores, mas que facilmente podem ser resolvidos.


A qualidade de vida no trabalho é possível, desde que a empresa e o empregado caminhem de modo a dar abertura a discussões de ambos os lados e se viabilize alternativas para as queixas. No entanto, os empregados devem se mobilizar antes que o adoecimento apareça. Caso contrário, a ajuda psicológica deve ser procurada o quanto antes.



Por Aline Lima – CRP 11/09831





Referências



HIRIGOYEN, M. Mal-estar no trabalho: redefinindo o assédio moral. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2011.



OLIVEIRA, R. P.; NUNES, O M. Violência relacionada ao trabalho: uma proposta conceitual. Saúde Soc., São Paulo, v. 17, n. 4, p. 22-34, 2008.

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